Mês das Mulheres: depoimentos especiais!

Nós temos chás brasileiros produzidos por mulheres!

E nesse mês em que exaltamos o protagonismo feminino no chá, não poderíamos deixar de citar algumas das mulheres envolvidas na produção do chá aqui no Brasil.

Elas contribuem com a consolidação do espaço do chá no país, fazendo parte da cultura e dos hábitos de muitos brasileiros.

Conheçam as nossas convidadas:

Sou a Miriam Yamamaru Oka do Sítio Yamamaru, em Sete Barras, pertinho de Registro, Vale do Ribeira em São Paulo. Nosso bairro era do antigo núcleo chamado Gobu ou raposa, da época da antiga Colônia de Imigrantes Japoneses de Registro. Hoje é conhecido como “Raposa”.
Desde a época que meus e pais imigraram para Registro, o Brasil, eles sempre trabalharam com o cultivo do chá. Minha avó Kikuo, colhia muitos chás na cesta e trabalhava arduamente todos os dias. Um certo dia ela teve um problema de saúde e daí em diante trabalhou em casa costurando sacos de chás. Minha mãe Fusako trabalhou intensamente no chá por toda vida e se dedicando carinhosamente à criação e educação de 7 filhos . Minha mãe era considerada a “Obasan do chá”; (senhora do chá). minha irmã conta que ela não deixava as visitas embora sem tomar um chazinho. O chá sempre foi considerado uma bebida saudável . Meu avô, aos 97 anos dizia que o segredo para uma vida longa seria comer peixe e tomar muitos chás. Minha vó chegou aos 94 anos. Minha cunhada Tereza, esposa do Kazutoshi,, também aprendeu à apreciar o chá. como a minha mãe na colheita e se didicando aos 3 filhos. Eu, Miriam, nasci e cresci nas plantaççoes de chás . Saí para estudar e voltei às raízes (Sítio Yamamaru) já com 2 filhos. Em 2017, após um curso de turismo e estágio em intercâmbio cultural sendo um dos temas : processamento de chá verde no Japão através da JICA , passei a processar Chá e a realizar turismo em nosso Sítio, com ajuda de amigos e de uma grande amiga; Mariuza Limdenberg, que tem nos apoiado e incentivado em todos os sentidos e detalhes, desde a bioquímica dos chás e seus benefícios,assim como na colheita e no aperfeiçoamento dos processamentos e principalmente nas vivências de turismo rural . São tantas aprendizagens e muita gratidão.. Gratidão pelos antepassados por terem nos deixado tantos pés de chás para hoje trabalharmos com dedicação, e a todos que colaboraram conosco.
Além de visitantes interessados em ter vivências com o Chá, atendemos sommeliers e outros especialistas e “Escolas de Chá”. A Yuri e Renata (Escola de chás Embahú e infusorina) foram as primeiras a aparecerem. Começamos também com a ajuda delas a atender a Rota de chá , que alavancou todo olhar no turismo e a apreciação da Camellia sinenses . Muita gratidão à essas duas “Mulheres do Chá “ pela sua dedicação à essa bebida tão saudável e por desde o início terem ensinado tanto. Depois vieram outros sommeliers , especialistase os amantes que também têm nos ajudado.
Mas, voltando ao papel das mulheres no Chá, entrevistas realizadas pela minha amiga Mariuza, mostraram que na nossa região, em todas famílias de produtores rurais entrevistados as mulheres, sejam, bisavós, avós, mães, filhas ou colaboradoras, trabalharam ou trabalham diretamente envolvidas com a produção.
Grastidão à todas mulheres do Chá!, Mulheres corajosas, guerreiras, empreendedoras que desde as gerações passadas até hoje trabalham com o Chá! Parabéns! E novamente obrigada a todas que contribuíram conosco!

Miriam,
Sítio Yamamaru
https://www.instagram.com/sitioyamamaru/

Meu contato com o chá sempre foi o de consumidora leiga, como acredito ser a maioria das pessoas. Tenho uma memória afetiva das tardes em que eu passava na casa de uma tia durante a infância e ao final do dia ela nos servia – a mim e aos meus primos – chá preto com pães fresquinhos. Confesso, que durante o restante dos anos nunca tive muito o hábito de consumir chá e o fazia vez ou outra mais como medicamento, pra aliviar uma dor de cabeça, cólicas ou melhorar a digestão!

Tudo começou a mudar quando em 2018, trabalhando em uma Indústria de pães no Vale do Ribeira conheci a Amaya Chás. Na ocasião a empresa lançou um Pão de Chá Verde e tive o prazer de conhecer a família Amaya e todo o trabalho incansável e admirável de uma cultura que já foi carro chefe da economia dessa região. A vida seguiu e que surpresa a minha, ela ter me levado novamente para o mesmo destino, quando em 2021 novamente lá estava eu na Amaya, mas dessa vez prestando serviço para a empresa. Nossa parceria foi oficializada em 2022 e desde então um novo mundo se abriu na minha perspectiva sobre o chá. Entendendo melhor os processos e tudo o que o chá já representou e ainda representa para o Vale do Ribeira, me sinto honrada e orgulhosa por poder contribuir com meus serviços de comunicação e marketing para ajudar a divulgar e difundir ainda mais as infinitas possibilidades da Camellia Sinensis. Desde então, testemunho periodicamente tantas pessoas que trabalham e tratam com tanto respeito esse produto milenar, que se mistura a história da própria humanidade. Participar da Rota do Chá me fez, inclusive, ressignificar muitos aspectos da minha vida, porque ali consegui vivenciar a emoção dos visitantes, que vêm de tantas regiões do país para conhecer essa riqueza que temos aqui, tão perto de nós e muitas vezes não nos damos conta, nem valor.

A dedicação, profissionalismo, comprometimento e o amor incondicional da família Amaya desde o preparo das sementes, até o plantio, colheita, processamento e comercialização dos chás é algo que me traz todos os dias um novo aprendizado. Cheguei para assessorar, para prestar serviço e oferecer conhecimento, mas, quem aprende com eles todos os dias sou eu. Sobre chá, mas também sobre perseverança, respeito, esperança e gratidão. Uma troca que você encontra poucas vezes na sua trajetória profissional. Uma das gratas surpresas da vida, que com certeza ainda me reserva muitas coisas maravilhosas. E quem conhece sabe: essa é a magia do chá! A gente só entende, quando entra nesse universo. E eu sigo aprendendo a cada dia, grata pelo privilégio dessa jornada!

Mônica Lima – Jornalista
Assessora de Comunicação e Marketing da Amaya Chás
https://chasamaya.com.br/

Olá! Meu nome é Samira, sou neta de Ume Shimada e filha de Teresinha Shimada. Minha avó que chamamos carinhosamente de Obatian (vovó em japonês) e com esse nome ela ficou conhecida no mundo do Chá. Trabalho com elas desde 2018, foi quando minha caçulinha completou 2 anos. Na verdade eu quis muito participar desde o início em 2014 porém o desejo de me dedicar exclusivamente aos meus filhos, tenho mais um que nasceu em 2011, falou mais alto. Mas hoje não vou falar de mim, vou falar dessas duas mulheres incríveis das quais sou muito grata e orgulhosa de ser descendente.
Obatian sempre foi empreendedora e líder nata. Herdou de seu pai o terreno, onde hoje temos a produção de Chá e Lichia, que sempre cuidou com muito amor. O marido, meu avó Akira Shimada e seus 6 filhos sempre trabalharam muito sob sua liderança. Com uma mistura de exigência, carinho e alegria fez questão que os filhos estudassem e também participassem da luta diária para conseguirem juntos uma vida mais confortável. Com esse objetivo, Obatian comprou a casa de um primo na capital São Paulo e um ponto de venda em uma feira livre onde vendia muitos produtos.Com muito esforço juntaram um bom capital e comprou uma ótica de uma sobrinha e assim conseguiram uma vida um pouco mais confortável. Até que Obatian pensou que estava confortável demais “vamos socar moti” disse para meu avô. Moti é um bolinho feito de arroz cozido e socado no pilão. Então foram anos socando moti de madrugada para entregar cedinho no bairro da Liberdade. Até que meu avô, que chamamos de Oditian, já queria se aposentar e então foram morar novamente no Sítio. Logo em seguida minha mãe, Teresinha, resolveu vir morar com os pais e cuidar deles, meu pai Léo também veio para somar.
Minha mãe Teresinha também sempre foi empreendedora. Meu pai formado em Engenharia Agrônoma era funcionário público. Depois de casar e ter 3 filhos, sempre buscou trabalhar sem sair de perto de nós 3. Seu último negócio foi uma confecção de moda praia que montou em casa, na capital Brasília, fez muito sucesso e chegou até a exportar para a Itália e França em cooperativa. Ao perceber que seus pais estavam precisando de ajuda e meus irmãos já adultos estavam morando em São Paulo, vendeu tudo e veio para Registro. Obatian com seu olhar pronto para novas oportunidades sugeriu comprar um varejão que estava à venda na cidade. E assim ela fez. Até que em novembro de 2014 foi inaugurada a fábrica artesanal de Chá.
Ufa! Que história incrível, não acham?! Isso porque foi o resumo do resumo. E quero deixar claro que essa é minha visão de todas as histórias que escutei da minha família. Pode ser que algum detalhe ou outro não foi bem assim. Espero que esse texto seja uma singela homenagem a essas duas mulheres incríveis. Muito obrigada às organizadoras da Semana do Chá por essa oportunidade! Feliz Dia das Mulheres para todas!

Samira,
Sítio Shimada
https://sitioshimada.com.br/

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